quarta-feira, julho 27, 2005

K e O Castigo Merecido

K e O Castigo Merecido
Autor: Paulo Mohylovski

Amarrei os tornozelos de K nos pés da cadeira. As mãos ficaram amarradas para trás. Ela me olhava com um sorriso tranqüilo. O seu olhar também era tranqüilo. Estava nua e não parecia constrangida. Vendei seus olhos com um lenço de seda roxo. Deixei suas coxas bem afastadas. K estava aberta e indefesa.
Esperei alguns minutos. Tempo para colocar uma música, preparar uma bebida, verificar se tudo estava de acordo.
K continuava calma, mas por um movimento ou outro da sua boca, percebia-se os primeiros sinais de impaciência.
Eu me aproximei dela. Passei as mãos suavemente pelos seus cabelos. Depois a beijei. Um beijo longo e apaixonado. K sorriu:
- Eu...
- Não diga nada, K.
Peguei a pedra de gelo do copo e passei lentamente pelo corpo de K. Comecei pelos seios. Friccionei com rapidez a pedra de gelo por cima de um dos bicos tesos. O aquecimento do movimento derreteu o gelo rapidamente. Peguei o que restou e passei no outro seio. Tirei mais outra pedra de dentro do copo. Eu a senti pesada e fria. Passei com força no sexo de K. Ela suspirou profundamente, mas resistiu ao prazer, sufocando os seus próprios gemidos.
Eu estava satisfeito. Peguei o que restou da pedra e coloquei na minha boca. Uma paixão devastadora passou pelos meus lábios e eu beijei K com redobrada volúpia, com ardente paixão.
Ao terminar, passei o dedão da mão direita pelo lábio úmido de K. Ela fez menção de morder meu dedo, mas ficou só na ameaça. Relaxou logo em seguida e aguardou o próximo momento.
Imagens bizarras tomavam conta do meu cérebro. A música estava no seu auge. Era uma ópera de Wagner. Mundos fabulosos, universos perdidos passavam pela minha frente. Eu não estava mais num quarto sombrio. Eu estava em algum Castelo, em alguma alcova perdida no tempo. Eu estava sendo possuído por uma força quase sobrenatural.
K permanecia imóvel, placidamente imóvel.
A sua aparente imobilidade se quebrou quando ela sentiu uma mão estranha passeando pelo seu corpo.
Uma mão velha e encarquilhada. Uma mão que continha a poeira de séculos.
Fiquei imaginando a surpresa dela ao sentir este toque um tanto nojento nos seus seios fartos.
Ela devia estar se perguntando de quem seria, de como entrou no quarto tão silenciosamente.
Perguntas que morriam a medida que seu corpo era explorado, aberto, invadido.
Sentia dedos. Dedos longos e macios dentro de si. Estavam abrindo seu sexo, sua bunda. Todos os lugares eram tocados. Até que sentiu o seio sendo abocanhado por uma boca faminta e ávida. Uma boca má. Uma boca que apertava com força o seu seio, que mordia o seu bico, que lhe dava uma verdadeira dentada como se quisesse arrancá-lo.
Um grito. Um grito violento e verdadeiro nasceu das entranhas de K e ela gritou com todas as forças.
Ficou esbaforida. Estava confusa. A boca já não lhe mordia. Mas sentiu um líquido morno sendo espirrado nos seus seios, na sua barriga.
De repente, sentiu que minha mão desfazia o nó da sua venda e era pôde, horrorizada, ver um homem velho, absolutamente velho e feio, com uma expressão má e maliciosa, segurando um membro flácido que tinha acabado de conseguir o seu alívio.
K olhou para aquele pequeno monstro que o tempo e a luxúria tinham esculpido.
K olhou horrorizada para mim:
- Por que? – ela perguntou, sufocando uma lágrima.
Eu ri:
- Não consegue dar prazer a um pobre velho de rua, que não tem ninguém, que passa as suas noite ao relento, sem amor, sem mulher?
O velho sorria. Uma boca desdentada e murcha que parecia ser o único sinal de que a vida ainda resistia naquele corpo devorado pelo tempo.
- Então, velhinho, valeu a pena?
O velho me fez um sinal de positivo. Abri a porta do quarto e o acompanhei até a saída.
Depois voltei. K estava cabisbaixa. Desamarrei-a por completo. Ela se atirou na cama e começou a chorar. Chorava como uma criança a quem lhe haviam prometido um brinquedo em troca de lhe deixarem aplicar uma injeção, mas que foi enganada na última hora: não havia brinquedo algum.
Esperei que K se acalmasse. Enquanto chorava, eu dobrei lentamente a manga da minha camisa até o cotovelo. Suspirei ao perceber que o choro de K não parava. No que estaria pensando? Com certeza, em mais alguma cena idiota da sua infância, como sempre fazia quando queria se refugiar de mim.
K não teria escapatória.
Abri o armário e escolhi uma das palmatórias que havia comprado na minha última viagem. Escolhi uma de couro e com pontas. Ou seja, a que causaria maior dor e que era a única que ainda não tinha sido usada.
Eu me aproximei da cama:
- Se o prazer te incomoda tanto, talvez a dor resolva o problema.
Antes do primeiro golpe, avisei:
- Fique nesta posição e por favor, não grite. Os teus gritos me deixariam com os nervos à flor da pele e eu não quero te amordaçar...
K permaneceu em silêncio.
Subi a mão até o alto e deixei o primeiro golpe cair. A palmatória deixou marcada o lado direito da bunda de K. Ela segurou o grito. Desferi três golpes seguidos, com toda força. K deu um grito animalesco:
- Não grite, querida, não grite.
Ela fechou a boca com força. Desferi mais três golpes: crus e secos.
Lágrimas escorreram pelo seu rosto:
- Destas lágrimas, eu gosto. – eu disse e continuei desferindo os golpes.
K mordeu com força o travesseiro. Quando parei, a sua bunda estava toda avermelhada. Linda, linda.
- Não há nada que queira me dizer, K?
A sua voz saiu espremida, amedrontada e triste.
- Não ouvi o que você disse...
Ela me olhou. Lágrimas de amor e de paz. Lágrimas que lhe deixavam mais bela, mais cativante. Olhos de urso de pelúcia. Olhos de garota apaixonada:
- Eu te amo, Paul.
Sorri:
- Eu também te amo, garota.
Passei a mão pelos seus cabelos:
- Consegue me perdoar?
Ela me olhou estranhamente:
- Você não fez nada. Absolutamente nada. Eu que não me comportei direito com seu amigo. Mereci a palmatória! De verdade: eu mereci....

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