quarta-feira, julho 27, 2005

CÚMPLICES

CÚMPLICES

Estava no boteco da esquina. Jogava bilhar. Não era muito bom naquilo, mas servia para passar o tempo.
Entrou algumas garotas. Peitudas e bundas. Eram três. Tentei trocar um olhar com uma delas. Tentativa inútil. Procuravam por caras mais novos. O boteco estava cheio deles.
- Pra mim, chega!
Virei o resto de conhaque que tinha no copo.
- Fica mais um pouco, Beto. Mais uma partida.
- Já perdi muito. E além disso, tô cansadão.
- Tudo bem, Beto. Vai pela sombra.
Olhei para o caixa e gritei para o dono do botequim:
- Coloca o de hoje na minha conta, Chicão!
Ele fez um cara enfezada, mas não disse nada.
Na rua, respirei fundo. Olhei pra calçada molhada. Tinha garoado e eu não tinha percebido.
Esfreguei as mãos e peguei o caminho de casa.
Eu morava duas ruas pra baixo. Bem no meio do quarteirão. Sempre dobrava a mesma rua para pegar uma paralela ao bar. Desta vez, resolvi virar na rua debaixo. Estava tudo muito escuro e deserto. Eu não tinha medo, já tinha feito aquele caminho muitas vezes. Até os cachorros paravam de latir quando me reconheciam.
Quando entrei na rua, instintivamente parei. Tentei olhar pra rua toda. Silenciosa e deserta. Casas escuras, nenhum automóvel passando, nem estacionado.
Sensação estranha. Eu me sentia vigiado. Andei mais um pouco e olhei repentinamente para dentro de uma casa, do outro lado da rua.
Vi um vulto. Depois vi o brilho da brasa de um cigarro. A brasa ficou mais intensa. Depois vi a fumaça sendo soprada.
Era uma mulher.
Ela me olhava fixamente. Por um momento, fiquei paralisado. E perturbado. Ela me olhava estranhamente.
Andei mais um pouco. Comecei a andar pelo meio da rua. Bem lentamente.
Ela me seguiu com o olhar. Virou até a cabeça para me acompanhar. Deu outra tragada no cigarro e depois jogou a bituca fora.
Parei. Olhei diretamente para ela. Ela suspirou de uma maneira tão forte que pude ver os seus pulmões se enchendo de ar e depois se esvaziando. Os seios subiram e desceram no ritmo da respiração.
Num lampejo, eu a reconheci. Era uma mulher que eu sempre via andando pelo bairro. Sempre séria , bem vestida e bem maquiada.
Não a reconheci de imediato, pois ela estava sem maquiagem alguma, um tanto descabelada e com uma camisola comprida e negra. Levemente aberta.
Eu sabia que ela não me conhecia. Pelo menos, nunca me olhou na cara. Aliás, não olhava na cara de ninguém.
Tive um pensamento perverso. Olhei para os lados. Ninguém. Depois olhei para ela e apertei o meu pau por cima da calça. Acintosamente. E continuei com a mão apertando todo o meu sexo.
Ela suspirou mais ainda. Mexeu na própria nuca e depois parou. Paralisada completamente.
Eu dei um passo em sua direção.
O seu olhar se encheu de medo.
Continuei andando. Ela recuou um passo pra trás. Continuava com o olhar amedrontado.
Parei e sussurrei:
- Calma!
Fiz um gesto com a mão que parasse.
Ela parou.
Olhei mais uma vez para os lados. Ainda mais perversamente(e lentamente), abaixei o zíper da calça.
Senti meu pau se ajeitando na cueca e ficando empinado.
Só tive o trabalho de abaixar a cueca.
O pau estava completamente visível, no auge da sua dureza.
A mulher ficou com a respiração alterada. Ela lutava com o próprio desejo. Não sabia se estrava ou se atirava nos meus braços.
Ao contrário dela, eu estava estranhamente calmo. Eu me sentia senhor da situação. Segurei o pau com firmeza. Libertei a cabeça ao máximo. A mulher ficou com o olhar perdido, em êxtase.
- Abre o peignoir! – sussurrei.
Ela olhou para a janela fechada.
- Abre! – repeti.
Ela olhou para mim. O seu olhar ficou maroto. Aos poucos, desatou o laço, abriu o peignoir.
- Levanta a camisola!
Era já estava sob o meu domínio. Sob o domínio da luxúria.
Levantou a camisola. Estava com uma calcinha preta.
Olhei bem no meio das suas pernas.
- Tira a calcinha!
Ela fez que não com a cabeça.
Repeti:
- Tira a calcinha!
Ela olhou mais uma vez pra janela fechada:
- Meu marido! – ela sussurrou.
Aquela informação nova me bloqueou por alguns segundos.
Ela levantou os ombros, como que dizendo "o que posso fazer?".
Aquele impasse nos fazia cúmplices.
Olhei ao redor. Procurei por uma solução. Encontrei:
- Vai pra lá! – falei e apontei para o terracinho abaixo da janela.
Ela entendeu e fez que sim com a cabeça.
Eu me encostei mais no portão.
Sussurrei o mais baixo possível:
- Tira tudo!
Ela fez que não com a cabeça. Eu fiz que sim.
Ela pensou um pouco e tirou o peignoir, que ficou aos seus pés. Depois sem tirar a camisola, ela puxou a calcinha para baixo até o chão. Deu um passinho pra trás e a calcinha ficou no chão. Ela se abaixou, pegou a calcinha e colocou atrás de um vaso.
Eu estava ficando febril, ansioso. Tentava manter a ereção alisando meu pau sem parar.
"Calma, Beto, Calma", eu pensava comigo mesmo.
A mulher ficou de frente para mim e levantou a camisola.
Vi a buceta mais peluda que já tinha visto na vida.
Minha respiração se alterou totalmente.
Ela ficou olhando pra própria buceta. Aquilo me excitou ainda mais. Tentei me controlar. Eu não podia demorar muito. A qualquer momento, algum guardinha poderia passar por aquela rua. Ou quem sabe o marido da mulher poderia acordar.
Ela notou meu desespero. Ficou mais perversa ainda. Sentiu-se segura no terraço. Virou de costas e suspendeu ainda mais a camisola. Exibiu uma linda bunda, dura e morena. Com marcas de biquíni.
Ela ficou imóvel. Não se mexia. Não rebolava. Ela olhou para trás e seu olhar ficou perverso ao perceber a minha agonia.
Eu estava excitado, quase gozando, mas sentia um gosto ruim na boca. Era como se aquela mulher nua fosse tão inacessível quanto um sonho.
Ela se virou de frente. Desta vez, mostrou os seios. Eram siliconizados. Estavam grandes. Duros. Também com marca de biquíni.
A mulher me olhou languidamente. Nossos olhares se cruzaram. Eu entendi a sua perversão e ela entendeu a minha. Naquela troca de olhares, teve uma compreensão imediata. Ela sabia da minha solidão e eu sabia da dela.
Ao mesmo tempo, havia uma urgência. Ela me fez entender ao olhar para cima novamente e depois ao olhar para a porta da entrada.
Fiz que não com a cabeça. Coloquei o pau no meio dos ferros do portão. Ela mandou que eu me afastasse.
Eu não me afastei.
Mostrei a pica. Ela tinha que entender. Eu precisava de um contato. Nem que fosse rápido. Um instante apenas.
Por fim, ela conseguiu vencer o medo. Se aproximou com pressa. Olhava assustada para a janela. Tocou no meu pau. Levemente. Depois o apertou com força. Me olhou nos olhos. Tentei sorrir, mas eu sentia que a agonia daquele gozo contido estava se transformando em desespero.
Ela compreendeu. De alguma maneira, ela compreendeu. Agachou-se decidida. Sem medo algum, colocou a boca no meu pau e começou a chupar.
Senti um prazer misturado com alegria. Olhei para o alto e vi a luz do quarto se acendendo.
Ela percebeu e se levantou rapidamente. Correu para o terraço. Ouvi uma voz grossa e forte gritando por um nome:
- Leila!
Ela abriu a porta rapidamente e entrou. Ainda ouvi a sua voz alta e nítida:
- Estou aqui, Adalberto.
"Adalberto!", pensei comigo.
Guardei o pau e continuei caminhando.
Sabia exatamente o que iria fazer quando chegasse em casa...


paulo mohylovski

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