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Telefone sem fio... nem pavio! Essa história maluca de quase ninguém ter telefone em São Pedro faz lembrar a brincadeira do telefone sem fio. Quem não se lembra? - o primeiro da turma dizia alguma coisa no ouvido do próximo e assim por diante, até se chegar ao último da turma - o objetivo da brincadeira era observar o quanto a informação sofria alterações de percurso no boca-a-boca. Se a história chegasse exatamente como havia partido, a brincadeira ficava sem graça e concluía-se que a turma não tinha senso de humor ou de unidade. Mas isso nunca acontecia, e as histórias nunca batiam, pois "quem conta um conto aumenta um ponto".
A dinâmica do telefone sem fio reproduz (em escala micro) exatamente o que corre no dia a dia das sociedades humanas através do jogo quase institucionalizado da fofoca que, como qualquer jogo, apresenta grande propensão a se tornar um vício perigoso e deletérico.
Pode-se dizer que em S. Pedro a fofoca é um problema de saúde pública e que não são poucas as pessoas daqui que apresentam episódios de pressão alta, ansiedade, insônia e até mesmo depressão, após terem sido vítimas de uma fofoca.
Nos manuais de guerra a fofoca ocupa um lugar de destaque tático e estratégico. Os fofoqueiros fornecem informações de um inimigo para o outro. E já que quase nunca essas informações são verdadeiras, a guerra fica ainda mais conflituosa. Porém, tanto na guerra como na paz, a fofoca é uma grande fomentadora da discórdia e da dor.
Mas o que tem a falta de telefone a ver com isso? Pelo telefone se fofocaria mais ou menos?
A falta do fio implica ema certa proximidade, um pé de orelha, uma cumplicidade.
Geralmente quando alguém reconta uma fofoca baixa o tom de voz e pede sigilo absoluto. No entanto, passar a bola pra frente deve ser mesmo um impulso incontrolável da natureza humana. E uma informação quente (mesmo que fria) queime a alma como uma batata fumegante queima a ponta dos dedos. É preciso passá-la adiante.
Há algum tempo atrás ganhei de uma amiga uma história de sabedoria oriental chamada As Três Peneiras que fala exatamente disto. Um discípulo começa a dizer para seu mestre que lhe contaram algo a respeito de um colega. Antes que ele continue, o mestre o interrompe perguntando-lhe se a informação passou pelo crivo das peneiras da verdade, da bondade e da necessidade.
- Você tem certeza de que o fato é absolutamente verdadeiro?, interroga o mestre.
- Não, sei apenas o que me contaram; responde o discípulo.
- O que vai me contar dele, gostaria que dissessem de você?
- Não, Deus me livre, Mestre.
- E você acha mesmo necessário passar essa informação adiante?
- Não, confessa o discípulo.
O mestre então vaticina:
- Para viver em harmonia os homens devem submeter as histórias ao crivo destas três peneiras: verdade, bondade e necessidade, antes de obedecer ao impulso de passá-la adiante.
E conclui magistralmente:
- Pessoas inteligentes falam sobre idéias. Pessoas comuns falam sobre coisas. Pessoas medíocres falam sobre pessoas.
Autor: desconhecido (por mim pelo menos)
"Pessoas inteligentes falam sobre idéias. Pessoas comuns falam sobre coisas. Pessoas medíocres falam sobre pessoas."
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